quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

SUTIL.

Já faz um bom tempo que não apareço por aqui, não enxergo as linhas e nem reconheço as palavras, talvez esteja ibernando idéias em forma e quantidade que nem eu mesma entenda ou justifique qualquer desvio de orientação. A palavra precisa ser dita , porque no momento em que nasce é digna e fiel ao pensamento original, e daquele instante toma posse do que é seu por direito, e te atira no infinito das conjecturas.Sugere.


 
Talvez não tenha dito nada nos últimos meses simplesmente por não ter nada a dizer, mas inexplicavelmente tive a sensação por vários instantes que tudo caberia dentro das vírgulas se parasse para deixar sair. E não parei. Saqueei o verdadeiro sentido por não deixar sair, daqui, de mim para fora no segundo. Já não adianta tentar relatar nada ,tudo se espalha e não deixa vestígios, é perda de tempo, frustrante plágio de si mesmo, união ilegal de pensamentos por saber que o que foi não é, e o que seria jamais saiu de tal ilusão . Estática.

 
Sempre tive medo de morrer, nunca admiti o esquecimento, e a morte nada mais é do que absoluto esquecimento em forma do mais profundo vácuo.É a solidão cruel da falta de alternativas, a impotência da mudez e o desespero de uma caminhada sem atrativos.É o medo do impulso do desprendimento totalmente ofensivo, é a quebra dos acordos, é a luta contra os gigantes invisíveis, é o estouro dos balões, acabando com a graça.

 
Nunca carreguei histórias e nem pessoas, fecho as portas de minha vida toda vez que assumo consciência de que passei por elas.Morro a cada dia uma morte consciente no deixar para traz, e vou seguindo na direção e na velocidade estabelecida.Consigo separar os meus “eus” que me pertenceram, como se fossem velhos amigos que marcaram época, e quando olho no espelho penso que já estão longe e certamente ao passarem por mim na rua não os reconheceria. Estranhos, com outras idéias , opiniões e gostos tão divergentes de mim!!Diria a eles que não temos nada em comum e que minhas prioridades mudaram, nossas vidas seguiram rumos diferentes, dentro do mesmo peito.

 
Sou levada pelos cheiros!! E se existir generosidade na hora da partida que eu possa leva-los comigo, assim como a criança que leva seu baldinho de brinquedos a praia, onde constrói os seus castelos. Certamente já terei cavado todos os meus buracos e o castelo será a última esperança da redenção.

 
Se pudesse ser mãe talvez deixasse a flor da obrigação comprida no jardim da vida, como um poema que se escreve, e quando chega ao fim, sabe-se que deixou plantado ali a parte de si para o mundo. Mas não é questão de poder, eu não quero!! , Por simples egoísmo de generosidade, o tempo que me foi dado é meu e realmente não consigo dividir, não sou tão bonita e não faço parte das mulheres que fazem o tricot, acho que nasci do avesso e a moeda da minha ilha particular muitas vezes me custa caro, mas a escolha continua valendo até quando a juventude me permitir. Egoísmo e vaidades são privilégios de quem não vê a flacidez dos ideais chegando, até porque quando tudo cai o mais digno é mudar de opinião..